sábado, 11 de fevereiro de 2017

Exames laboratoriais mais comuns


Exames laboratoriais mais comuns

Todo mundo já fez um check-up pelo menos uma vez na vida.
Quem é que nunca recebeu suas análises de sangue cheia de números, termos técnicos e palavras desconhecidas ? E quando surge um resultado fora do valor de referência? Aquele número em negrito logo se transforma em uma ameaça de doença oculta. Já perdi a conta de quantos amigos e familiares já não me ligaram por causa desse temido valor fora da referência. A pergunta é sempre a mesma: isso é algo grave?
Os exames de sangue são exames laboratoriais que irão analisar amostras de sangue. Esta análise é especialmente importante, já que o sangue circula por todo o corpo, realizando várias funções, entre as quais o transporte de diversas substâncias. Assim, ao analisar uma amostra de sangue, poderá verificar se existe alguma alteração significativa sobre alguma dessas substâncias, ou se aparecem substâncias fora do normal. Ao recolher-se uma amostra de sangue no paciente, pode-se saber se existe alguma doença em qualquer local do seu organismo. Por este motivo, os exames de sangue são os mais comuns e os mais utilizados na medicina.
Bom, antes de explicar o básico dos exames de sangue e check-ups é preciso esclarecer alguns pontos:
1.) Os exames são chamados de "exames complementares" porque complementam a avaliação médica ou do profissional de saúde habilitado, responsável pelo atendimento. Nunca a substitui. Um resultado de exame de sangue sem uma história clínica e um exame físico do paciente pode causar mais confusão do que elucidações.
2.) Qualquer exame complementar, seja de sangue, urina, imagem, etc., é passível de erros. Estes erros podem ser tanto de interpretação, como erros nas máquinas que os produzem. É preciso um profissional de saúde competente para saber interpretar os resultados. O quadro clínico do doente é sempre soberano. Deve-se diagnosticar e tratar o paciente, nunca o exame.
3.) Não se pede exames sem motivo. O conceito do check-up completo é errado. Como os exames podem apresentar erros, não faz sentido solicitá-los se não há uma hipótese diagnóstica a ser investigada.
4.) É preciso saber diferenciar exames de rastreamento (screening) do check-up. Os exames de rastreamento são aqueles realizados para se identificar doenças prevalentes em um determinado grupo ou faixa etária. São exames que se mostraram benéficos quando solicitados periodicamente. Um exemplo é a mamografia para o câncer de mama ou um exame ginecológico de rastreamento de câncer de colo de útero. Não faz sentido, por exemplo, solicitar ressonâncias magnéticas de crânio em todo mundo para tentar descobrir tumores cerebrais.
5.) Alguns pacientes confundem o que é um exame de sangue. Não existe uma solicitação única, que engloba todas as análises existentes. Existem centenas de dosagens diferentes em uma análise de sangue. O médico ou o profissional de saúde responsável precisa especificar no pedido quais análises ele gostaria de receber. Se não solicitar uma dosagem de colesterol, por exemplo, este não virá nos resultados. Não é porque foi colhida uma amostra de sangue, que sempre será feito hemograma, colesterol, glicose ou qualquer outra dosagem. O laboratório só fornece o que foi pedido.
Bom, vamos então imaginar que seu médico, após uma criteriosa avaliação do seu estado de saúde, dos seus antecedentes patológicos, do histórico familiar e de seus hábitos de vida, resolveu solicitar alguns exames para complementar sua avaliação. Eis os exames de sangue mais frequentes na prática clínica:
A) HEMOGRAMA
Este exame irá verificar as quantidades das células sanguíneas, nomeadamente os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas sanguíneas.
1- Hemácias (glóbulos vermelhos)
Serve para o diagnóstico de anemia, que é a redução do número de células vermelhas. São levados em conta principalmente os valores do hematócrito e da hemoglobina. Valores um pouco fora da faixa de referência podem não ter significado clínico. Mulheres podem ter hematócrito/hemoglobina um pouco mais baixo devido a perdas de sangue na menstruação. Fumantes costumam tê-los um pouco elevado devido a pior oxigenação do sangue pelos seus pulmões. Repito: esses valores devem sempre ser interpretados.
2- Leucócitos (glóbulos brancos)
Sendo estas as células de defesa primária do nosso organismo, qualquer alteração pode ter um significado patológico. Assim, se os valores estiverem acima do normal, geralmente significa que existe uma infecção ou inflamação no organismo, que levou ao aumento de efetivos para o seu combate.
Se os valores estiverem muito acima do normal, pode dever-se a uma infecção grave. Se estiver abaixo do normal, isso será também preocupante, já que o organismo estará mais vulnerável a infecções. Existem cinco tipos de leucócitos, sendo que cada um deles terá uma função diferente. Assim, através da verificação dos valores de cada um, é possível determinar com maior exatidão o problema. Os cinco tipos de leucócitos são: linfócitos, basófilos, eosinófilos, neutrófilos e monócitos.
Essas dosagens servem para identificar qual linhagem é a responsável pela leucocitose ou leucopenia.
3- Plaquetas
Estas células têm como função a coagulação do sangue. A elevação ou redução significativa dos seus valores podem indicar várias patologias. Assim, quando aumenta (trombocitose) o sangue fica muito denso, podendo promover o aparecimento de coágulos sanguíneos e trombos, o que pode causar tromboses. Se reduz substancialmente (trombocitopenia), a capacidade de coagulação fica posta em causa, podendo ocorrer sangramentos intensos mesmo em pequenas feridas.
A dosagem das plaquetas é necessária antes de cirurgias ou procedimentos susceptíveis a sangramentos. Também são importantes na distinção da forma hemorrágica e clássica da dengue.
B) Tempo de tromboplastina ativada (PTT ou TTP) e tempo de protrombina (TAP ou TP)
Medem o tempo que o sangue demora a coagular. Obviamente, tempos maiores indicam maior propensão a sangramentos. A cascata da coagulação inicia-se com a ativação das plaquetas e é completada pela ação dos fatores da coagulação. O TAP e o PTT medem a funcionamento desses fatores. A avaliação completa do estado da coagulação, feita com o TAP, PTT e plaquetas, é muitas vezes chamado de coagulograma.
C) COLESTEROL
O colesterol total é composto da soma das frações HDL+LDL+VLDL.
HDL – colesterol bom. Protege os vasos da aterosclerose (Placas de gordura). Quanto mais elevado melhor.
LDL e VLDL – Colesterol ruim, formador da aterosclerose que obstrui os vasos sanguíneos e leva a doenças como infarto. Quanto mais baixo melhor.
Triglicerídeos – Estão relacionados ao VLDL. Normalmente equivale a 5x o seu valor. Um paciente com 150 mg/dl de triglicerídeos apresenta 30 mg/dl de VLDL..
Há algum tempo se sabe que o colesterol total não é tão importante quanto os valores de suas frações. Pois vejamos dois pacientes distintos:
1- HDL = 70, LDL= 100, VLDL= 30. Colesterol total = 200 mg/dl
2- HDL = 20, LDL = 160, VLDL = 20. Colesterol total = 200 mg/dl
Sem dúvida o primeiro paciente tem muito menos risco de desenvolver aterosclerose que o segundo, apesar de terem o colesterol total igual. Não basta ver a quantidade, é necessário saber a qualidade.
D) UREIA e CREATININA
Estes exames têm como função analisar o funcionamento dos rins. Os rins têm como função filtrar o sangue, retirando e eliminando toxinas como a creatinina e a ureia. Se os valores destas substâncias estiverem acima do normal, poderá querer dizer que os rins podem não estar a funcionar corretamente. Assim, através dos valores da creatinina e da ureia é possível perceber o volume de sangue filtrado por minuto, também denominado de taxa de filtração glomerular. Os melhores laboratórios já fazem esse cálculo automaticamente para o médico e normalmente vem com o nome de "clearance de creatinina" ou "taxa de filtração glomerular".
Valores aumentados de ureia e creatinina indicam diminuição da filtração pelo rim. Valores menores que 60 ml/minuto de clearance de creatinina indicam insuficiência renal.
Este é um dos exames que mais requerem interpretação do profissional de saúde, pois o mesmo valor de creatinina pode ser normal para uma pessoa, e significar insuficiência renal para outra.
E) GLICOSE
A dosagem de glicose é importante para o diagnóstico ou controle do tratamento do diabetes mellitus. Só tem valor se realizada com um jejum mínimo de 8 horas.
-Valores menores que 100 mg/dl são normais.
-Valores entre 100 e 125 mg/dl são considerados pré-diabetes.
-Valores acima de 126 mg/dl são compatíveis com diabetes (deve ser sempre repetido para confirmação do diagnóstico).
F) TGO (AST) TGP (ALP)
Este tipo de exames pretende verificar a saúde das células do fígado. Valores elevados indicam lesão das células hepáticas. Normalmente traduzem algum tipo de hepatite, seja viral, medicamentosa ou isquêmica.
G) Sódio (Na+), Potássio (K+), Cálcio (Ca++) e Fósforo(P-)
Este exame, também denominado de eletrólitos, irá verificar os valores destes minerais no sangue. Valores elevados ou diminuídos devem ser tratados e investigados, pois podem trazer risco de morte se estiverem muito alterados.
H) TSH e T4 livre
São análises para se avaliar a função da tireoide, um pequeno órgão que se encontra na região anterior do nosso pescoço e controla nosso metabolismo. São com eles que diagnosticamos e controlamos o hipertireoidismo e o hipotireoidismo.
I) ÁCIDO ÚRICO
Através de um exame de ácido úrico, é possível verificar se existe risco de aparecimento da gota (artrite gotosa) e cálculos renais. Esta substância é um subproduto da utilização das proteínas no organismo, sendo transportada pelo sangue para ser excretado. É necessário jejum obrigatório de 8 horas. Aos níveis elevados de ácido úrico é dado o nome de hiperuricemia.
J) PCR
É uma proteína que se eleva em estados inflamatórios. Ela é inespecífica. Normalmente indica processo infeccioso em andamento, mas também pode estar alta nas neoplasias e doenças inflamatórias. Uma PCR elevada associado à leucocitose é forte indicadora de infecção em curso.
K) PSA
O PSA (antígeno prostático específico) é também uma proteína, que irá ver os seus valores aumentados no sangue durante algumas doenças, tais como infecções ou cancro da próstata. Embora o teste de PSA seja usado principalmente para detectar câncer de próstata precoce, também se aplica a outras situações. Os valores do PSA também aumentam com o aumento da próstata, também conhecido por hiperplasia benigna da próstata, um fenômeno que ocorre em muitos homens à medida que envelhecem. Pode também aumentar em casos de prostatite, uma inflamação da glândula da próstata, e de enfarto da próstata. O nível de PSA também pode aumentar lentamente com o aumento da idade do homem, mesmo que a próstata esteja perfeitamente normal e saudável.
L) ALBUMINA
Esta é outra proteína, sendo a que existe em maior quantidade no sangue, e é um indicador nutricional. Sendo sintetizada no fígado, irá também ser usada para avaliar a função hepática, sobretudo em doentes com cirrose. A albumina é a proteína principal do plasma humano. A sua principal função é regular a pressão osmótica coloidal do sangue.
M) VHS ou VS
Este é um exame não específico para a inflamação. Valores muito altos neste exame poderão indicar uma doença autoimune. Tem uma sensibilidade menor que o PCR.
N) EAS ou Urina Tipo I
Este é o exame básico, que tem como função avaliar a função renal. Ao conferir a presença de substâncias que não deveriam estar presentes, ou em quantidades bem mais baixas, pode-se verificar o funcionamento da filtração dos rins. Através deste exame é também possível detectar infecções urinárias. Com ele podemos avaliar a presença de pus, sangue, glicose, proteínas, etc. Substâncias essas que em geral não deveriam estar presentes na urina.
O) UROCULTURA
É o exame de escolha para diagnosticar infecção urinária. Com ele conseguimos identificar a bactéria responsável e ainda testar quais são os antibióticos efetivos e resistentes.
P) EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES
É o exame solicitado para investigar a presença de parasitas, conhecido vulgarmente por vermes
Existem inúmeras outras análises que são pedidas no sangue, fezes e urina. Estas são as mais comuns.Pergunte sempre ao seu médico o porquê de cada exame solicitado. A boa prática médica pede que todo exame solicitado tenha um motivo.
http://www.minutoenfermagem.com.br/postagens/2014/07/17/exames-laboratoriais-mais-comuns/

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