terça-feira, 7 de junho de 2016

Exames de anticorpos

Exames de anticorpos


O que são?

Os exames de anticorpos envolvem a análise de uma amostra (geralmente sangue) para mostrar a presença de um anticorpo (exame qualitativo) ou para medir a quantidade de um anticorpo (exame quantitativo).
Anticorpos são produzidos pelo sistema imunológico. São proteínas (imunoglobulinas) que protegem as pessoas contra invasores microscópicos como vírusbactérias, substâncias químicas e toxinas. Cada anticorpo produzido reconhece uma estrutura específica de uma célula ou partícula invasiva. A estrutura específica reconhecida é chamada antígeno. Anticorpos se ligam aos antígenos, criando complexos antígeno-anticorpo (complexos imunes), que servem de sinal para a destruição do antígeno pelo sistema imunológico.
Existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (IgMIgGIgEIgA e IgD). As três imunoglobulinas investigadas com maior frequência em exames são IgM, IgG e IgE. Os anticorpos IgM e IgG têm ação conjunta na proteção imediata e a longo prazo contra infecções. Os anticorpos IgE estão associados a alergias.
Na primeira vez que alguém é exposto a um agente infeccioso, como um vírus ou uma bactéria, o sistema imunológico demora algum tempo para reconhecer os antígenos envolvidos e produzir anticorpos específicos em quantidade suficiente para combater a infecção. A resposta inicial é formada por anticorpos IgM. Algum tempo depois, inicia-se a produção de anticorpos IgG. O corpo se “lembra” e mantém um pequeno estoque de anticorpos (uma mistura de IgM e IgG). Na próxima vez que for exposto ao mesmo micro-organismo, responde com mais intensidade e rapidez, fornecendo proteção principalmente por meio de anticorpos IgG.
Vacinas destinam-se a estimular a produção de anticorpos antes da exposição a um micro-organismo potencialmente infectante. As vacinas utilizam tanto uma versão atenuada do micro-organismo (que não pode causar infecção) como uma proteína isolada da superfície do micro-organismo. Assim, a vacina simula uma exposição inicial relativamente segura para gerar proteção futura. As vacinas produzem uma resposta inicial com produção de anticorpos IgM seguida de produção de anticorpos IgG. Os anticorpos gerados pela vacina dão proteção a longo prazo e produzem uma resposta rápida imunidade) à infecção. Doses adicionais de reforço são administradas às vezes após a primeira vacinação para aumentar a concentração de anticorpos no sangue até um nível considerado suficientemente protetor.
A produção adequada de anticorpos depende da capacidade do corpo de distinguir entre substâncias próprias e estranhas e de identificar corretamente as que são estranhas e que representam riscos. Normalmente, o sistema imunológico de uma pessoa identifica e ignora os antígenos que estão presentes no próprio corpo. Às vezes, porém, identifica uma parte do corpo da pessoa como estranha e produz autoanticorpos contra ela. Esses autoanticorpos provocam uma reação inflamatória que causa lesão dos tecidos envolvidos. Uma resposta autoimune pode afetar um único órgão (como a glândula tireoide) ou sersistêmica, atingindo muitos tecidos ou órgãos. Essas reações induzidas por autoanticorpos causam os distúrbios autoimunesou doenças autoimunes.
Os anticorpos também podem provocar respostas imunológicas a transfusões de sangue e a transplantes de órgãos. Embora sejam fornecidos ao paciente sangue ou órgãos que correspondam o máximo possível a seus próprios antígenos, para minimizar a probabilidade de uma resposta imunológica, a correspondência não é perfeita. Os antígenos no sangue administrado durante uma transfusão podem provocar uma reação imunológica denominada reação transfusional. Todos os pacientes que recebem sangue de doadores devem ser observados com cuidado para detecção e tratamento dessas reações. Antígenos de órgãos transplantados podem estimular uma resposta imunológica que causa a rejeição do órgão. Os pacientes transplantados são tratados com medicamentos para suprimir o sistema imunológico e evitar rejeição do órgão transplantado.
Às vezes, o sistema imunológico de uma pessoa responde a substâncias estranhas que não representariam risco e não provocam reações imunológicas na maioria das pessoas. Essas respostas são denominadas alergias (ou hipersensibilidades), e envolvem a geração de anticorpos IgE. As substâncias estranhas que provocam reações alérgicas incluem alimentos, pólen, fungos e pelos de animais. Há vários tipos diferentes de alergias, e as reações alérgicas podem variar de irritações leves a situações graves, com risco de vida.

Por que são feitos os testes de anticorpos?

Os exames de anticorpos são usados para:
  • Documentar a exposição a um agente infeccioso
  • Avaliar o nível de proteção (estado de imunidade) contra um micro-organismo específico
  • Diagnosticar um distúrbio autoimune
  • Diagnosticar a razão de uma reação transfusional ou da rejeição de um órgão transplantado
  • Diagnosticar uma alergia
  • Monitorar a evolução de uma infecção ou de um processo autoimune
Os exames de anticorpos são individuais e específicos para a doença envolvida. São pedidos isoladamente ou em combinações, dependendo dos sintomas do paciente ou das informações que o médico quer obter. Se ele suspeitar de uma infecção presente, podem ser colhidas duas amostras (denominadas amostra aguda e amostra convalescente) para pesquisar alterações nos níveis de anticorpos.
Alguns exames de anticorpos visam especificamente anticorpos IgM, IgG, IgA ou IgE. Anticorpos IgG e IgM são usados para diagnosticar e monitorar doenças infecciosas ou para determinar o estado imunológico. Anticorpos IgE são usados para investigar alergias. Anticorpos IgA são pesquisados em testes alérgicos e para diagnosticar a doença celíaca.

O que significam os resultados dos exames?

Os exames de anticorpos envolvem a mistura da amostra do paciente com um antígeno conhecido. Se um anticorpo estiver presente na amostra e se ligar ao antígeno conhecido, pode ser medida a formação do complexo antígeno-anticorpo.
Não há realmente uma concentração “normal” de anticorpo, já que as pessoas os produzem em quantidades diferentes. Pacientes com os sistemas imunológicos comprometidos podem não ser capazes de responder normalmente, produzindo menos anticorpos ou respondendo mais devagar à exposição antigênica. O significado detalhado de um resultado de exame de anticorpos depende dos sintomas do paciente e das circunstâncias específicas que levaram à realização do teste.
Os resultados podem ser relatados de uma maneira qualitativa como “detectado” ou “não detectado” em caso de anticorpos contra agentes que causam infecções crônicas (como HIV), quando qualquer quantidade de anticorpos é considerada significativa. Eles podem ser relatados como “maior que” um nível particular de anticorpos, significando que a pessoa tem ou não tem anticorpos suficientes para evitar infecção (imunizado) ou não. Os resultados também podem ser descritos como um número representando a quantidade presente de anticorpos.
Às vezes, são usados os títulos de anticorpos para descrever a quantidade do anticorpo presente. São testadas diversas diluições da amostra, e a diluição mais alta que é ainda positiva é relatada como uma relação “1 para a taxa de diluição” (por exemplo, 1:40 ou 1:320).
A detecção de anticorpos IgM indica uma exposição inicial recente a um antígeno, e a detecção de anticorpos IgG ou totais (IgG e IgM) indica a exposição há mais tempo.
Altos níveis de anticorpos individuais IgE podem auxiliar no diagnóstico de uma alergia, mas eles não se correlacionam com a gravidade dos sintomas que um paciente pode apresentar. Um paciente que evita um alergênio durante algum tempo, como amendoim, pode ter concentração de anticorpos IgE anti-amendoim baixa ou moderada no exame, mas, em uma exposição subsequente, é possível que a concentração do anticorpo aumente novamente.

Exames de anticorpos 

Doenças e estados clínicos neste site que usam exames de anticorpos

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Fontes do artigo

NOTA: Este artigo se baseia em pesquisas que incluíram as fontes citadas e a experiência coletiva de Lab Tests OnlineConselho de Revisão Editorial. Este artigo é submetido a revisões periódicas do Conselho Editorial, e pode ser atualizado como resultado dessas revisões. Novas fontes citadas serão adicionadas à lista e distinguidas das fontes originais usadas.
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Fonte: http://www.labtestsonline.org.br/understanding/analytes/antibody-tests/
Foto: https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=599&q=Exames+de+anticorpos&oq=Exames+de+anticorpos&gs_l=img.12..0i24l4.718.718.0.1760.1.1.0.0.0.0.292.292.2-1.1.0....0...1ac.1.64.img..0.1.292.NkAitG5Wq0I#imgrc=Voo_VfoT02pBpM%3A

PROTEÍNA C REATIVA – EXAME PCR

PROTEÍNA C REATIVA – EXAME PCR


AUTOR: DR. PEDRO PINHEIRO » 

A proteína C reativa, também conhecida pela sigla PCR, é uma proteína produzida no fígado, cuja concentração sanguínea se eleva radicalmente quando há um processo inflamatório em curso, como infecções, neoplasias, doenças reumáticas ou traumatismos.
O exame da PCR é uma simples análise de sangue, que consiste na dosagem da concentração sanguínea da proteína C reativa. Um valor elevado sugere a existência de um processo inflamatório em curso. A PCR, porém, é um exame inespecífico; ela é capaz de apontar precocemente a existência de uma inflamação/infecção, mas é incapaz de dizer a sua origem, ou seja, ela não serve para identificar qual é a doença que está provocando o quadro.
Recentemente, descobriu-se que o valor da PCR pode ser útil também para indicar quais são os indivíduos com maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Neste artigo vamos explicar o que é o exame PCR, quais são as doenças que costumam provocar sua elevação e qual é o papel da dosagem de proteína C reativa na prevenção das doenças cardiovasculares.
Se você quiser saber mais sobre outros exames complementares comuns, após a leitura deste artigo, acesse também os seguintes links:

O QUE É A PROTEÍNA C REATIVA

O fígado é o órgão responsável pela síntese das proteínas que circulam na corrente sanguínea. Em estados de estresse para o organismo, como nos casos de infecções ou lesões de órgãos e tecidos, o fígado aumenta a produção das chamadas proteínas de fase aguda. Essas proteínas possuem atividade anti-inflamatória e ajudam o sistema imunológico a combater germes invasores. Dentre as várias proteínas de fase aguda existentes, a proteína C reativa é uma das que mais se destaca.
A proteína C reativa foi descoberta na década de 1930 após análises do sangue de pacientes com pneumonia. Naquela época, os investigadores notaram que a PCR encontrava-se muito elevada durante a fase ativa da pneumonia , mas desaparecia do sangue quando o paciente ficava curado. Não demorou muito para que se descobrisse que esse fenômeno não ocorria somente na pneumonia, mas sim em qualquer infecção relevante no organismo, principalmente aquelas de origem bacteriana.
Mas a PCR não se limita a detectar infecções. Qualquer doença que provoque uma reação inflamatória por parte do organismo pode cursar com níveis elevados de proteína C reativa. Entre as condições não infecciosas que podem provocar elevação da PCR, podemos citar:
As doenças listadas acima são apenas alguns exemplos, a lista completa, incluindo as doenças infecciosas, tem dezenas de exemplos.

PARA QUE SERVE O EXAME DA PCR?

A proteína C reativa é muito usada para ajudar no diagnóstico de doenças inflamatórias/infecciosas e para o acompanhamento da eficácia do seu tratamento. Como já referido, a PCR é um exame inespecífico. Ela nos diz que existe uma inflamação em curso, mas não ajuda muito na hora de identificar qual é o agente causador. Para identificar a origem da infecção são necessários outros dados, como uma correta interpretação da história clínica, dos sinais e sintomas do paciente e a utilização de outros exames complementares, como a radiografia de tórax, análises de urina, ultrassonografia, etc.
Proteína C reativa nos casos de infecção
A concentração de proteína C reativa no sangue eleva-se precocemente em casos de infecção. Apenas 2 horas após o início do quadro infeccioso, já é possível detectar um aumento do valor da PCR no sangue.
A PCR serve para ajudar no diagnóstico e para acompanhar a eficácia do tratamento, pois, conforme os antibióticos vão surtindo efeito e a infecção vai sendo vencida, o valor da proteína C reativa começa a cair. Um paciente que após 48-72 horas de tratamento com antibiótico não vê melhora no seu quadro clínico e não apresenta sinais de queda da PCR provavelmente precisará de um novo plano de tratamento, pois o atual não demonstra estar sendo eficaz.
Historicamente, nós sempre utilizamos, através do hemograma, o número de leucócitos no sangue para fazer esse papel de diagnosticar e acompanhar a evolução de uma infecção (leia: HEMOGRAMA COMPLETO). A PCR, porém, mostrou-se ser um exame mais confiável, já que seus valores sobem e caem mais rapidamente de acordo com o estado da infecção. Hoje em dia, é comum utilizarmos tanto o hemograma quanto a PCR como exames complementares nos casos de infecção.
Proteína C reativa nos casos de doenças reumáticas
As doenças reumáticas e as doenças autoimunes (leia: O QUE É UMA DOENÇA AUTOIMUNE?) costumam provocar quadros de inflamação crônica no organismo, levando, assim, à elevação da PCR.
Ao contrário das doenças infecciosas, principalmente daquelas provocadas por bactérias, nas quais a PCR eleva-se bastante, frequentemente mais de 20 a 30 vezes o seu valor normal, a PCR nas doenças reumáticas costuma estar apenas um pouco elevada.
Nestes casos, a PCR serve como parâmetro de atividade da doença. Por exemplo, pacientes com artrite reumatoide que apresentam elevação persistente da PCR costumam ter mais lesões ósseas e mais deformidades das articulações a médio/longo prazo.
Ao contrário da maioria das doenças reumáticas e autoimunes, o lúpus parece ser um caso à parte, pois a atividade da doença não costuma ter relação com os valores da PCR (leia: LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO | Sintomas e tratamento).
Proteína C reativa nos casos de câncer
Ao contrário das infecções e das doenças reumáticas, a PCR não costuma ser utilizada na investigação dos pacientes com suspeita de câncer. Isso ocorre porque nem todos os cânceres causam elevação da PCR, e quando o fazem, o valor da elevação costuma ser baixo, difícil de ser distinguido de outras situações mais comuns.
Existem, contudo, algumas exceções nas quais o PCR pode ser útil. Uma elevação inexplicada da PCR, por exemplo, pode ser um sinal de recidiva de um tumor previamente tratado. Outro exemplo são os pacientes com mieloma múltiplo ou linfoma, uma vez que valores persistentemente elevados da PCR costumam indicar uma doença mais agressiva, sugerindo pior prognóstico, com menor tempo de sobrevida.
É bom salientar que, em geral, não se pede PCR somente com o intuito de pesquisar um câncer. Da mesma forma, um paciente com PCR inexplicavelmente elevado tem muito mais chances de ter uma doença inflatória benigna ou uma infecção do que ter um câncer oculto.

VALORES DA PROTEÍNA C REATIVA

Os resultados da PCR podem ser descritos em mg/dL ou mg/L. Como as duas formas são frequentemente usadas pelos laboratórios, vou usar as duas unidades de medição ao longo do restante do artigo.
Em pessoas sadias, a PCR costuma estar abaixo de 0,3 mg/dL (3 mg/L), mas esse valor pode ser um pouco mais elevado em indivíduos idosos.
– Valores de PCR entre 0,3 mg/dL (3 mg/L) e 1,0 mg/dL (10 mg/L) podem ocorrer em situações de inflamação mínima, como uma gengivite ou um resfriado. Pessoas obesas, diabéticas, hipertensas, portadores de insuficiência renal, consumidores regular de álcool, fumantes ou pessoas sedentárias também podem ter valores discretamente elevados de PCR.
– Valores de PCR acima de 1,0 mg/dL (10 mg/L) já começam a ser mais compatíveis com infecções ou processos inflamatórios mais intensos. Valores entre 1,0 mg/dL (10 mg/L) e 4,0 mg/dL (40 mg/dl) são compatíveis com infecções virais mais fortes, tipo gripe, mononucleose, catapora, etc. Tumores e doenças reumáticas também costumam causar elevação da PCR nesta faixa.
– Valores da proteína C reativa acima de 4,0 mg/dL (40 mg/L) são mais compatíveis com infecção bacteriana. Em casos de sepse, os valores facilmente ultrapassam os 20 mg/dL (200 mg/L) (leia: O QUE É SEPSE | CHOQUE SÉPTICO?).
Antigamente, os resultados da PCR eram divulgados apenas como positivo ou negativo. Se os valores fossem acima de 1,0 mg/dL (10 mg/L), o laboratório considerava o resultado como PCR positivo, fosse ele 1,5 mg/dL ou 30 mg/dL. Como vocês podem imaginar, esse tipo de resultado ajuda pouco. Com as técnicas mais modernas, capazes de medir exatamente os valores da PCR, esta forma de divulgar o resultado da proteína C reativa acabou sendo abandonada.

PROTEÍNA C REATIVA ULTRASSENSÍVEL E AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Os testes habituais que medem os valores sanguíneos da PCR costumam ter um limite inferior que fica ao redor de 0,3 mg/dL (3 mg/L). Sempre que o paciente tiver um valor de proteína C reativa abaixo de 0,3 mg/dL, o laboratório fornecerá o resultado como PCR < 0,3 mg/dL (< 3,0 mg/L).
Recentemente, novas técnicas de detecção da proteína C reativa têm permitido uma avaliação mais detalhada dos resultados dos pacientes com PCR abaixo de 0,3 mg/dL. Um exame chamadoproteína C reativa altamente sensível (PCR-as) ou proteína C reativa ultrassensível (PCR-us) permite detectar com segurança valores de PCR tão baixos quanto 0,03 mg/dL (0,3 mg/L).
Essa possibilidade de detectar valores muito baixos possibilitou o uso da PCR-us como um preditor de doenças cardiovasculares. Vamos a uma rápida explicação para vocês entenderem melhor.
Evidências acumuladas desde a década de 1990 vêm apontando para um papel central da inflamação na origem da aterosclerose e, por consequência, no aparecimento de doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio. Mais de 30 estudos já demonstraram que uma inflamação silenciosa de pequena intensidade, caracterizada por elevações bem pequenas, mas persistentes, da proteína C reativa, está claramente relacionada a um maior risco de desenvolvimento de placas de colesterol nos vasos sanguíneos, o que facilita o surgimento de doenças cardiovasculares (leia: INFARTO DO MIOCÁRDIO | Causas e prevenção).
Nos indivíduos sadios, o valor normal da PCR dosada pelo método de PCR-as é menor que 0,1 mg/dL (1 mg/L). Em média, pessoas sem doenças possuem uma PCR ao redor de 0,07 e 0,08 mg/dL (0,7 e 0,8 mg/L).
Os diversos estudos realizados ao longo das últimas 2 décadas têm mostrado que os indivíduos que apresentam uma PCR persistentemente acima de 0,1 mg/dL (1 mg/L), apresentam um estado crônico de inflamação mínima, o que aumenta, a longo prazo, o risco de doenças cardiovasculares.
Portanto, de forma resumida, o que os estudos têm apontado é o seguinte:
  • Pessoas com PCR persistentemente abaixo de 0,1 mg/dL (1 mg/L) possuem baixo risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
  • Pessoas com PCR persistentemente entre de 0,1 mg/dL (1 mg/L) e 0,3 mg/dL (3 mg/L) possuem um risco moderado de desenvolver doenças cardiovasculares.
  • Pessoas com PCR persistentemente  acima de 0,3 mg/dL (3 mg/L) possuem um risco elevado de desenvolver doenças cardiovasculares.
Obviamente, os resultados da PCR não podem ser interpretados durante um quadro de infecção. Esses valores devem ser pesquisados enquanto o paciente encontra-se sem nenhuma queixa clínica.
Como já foi referido, indivíduos diabéticos, hipertensos, fumantes e/ou obesos apresentam frequentemente níveis de PCR acima de 0,3 mg/dL (3 mg/L). Não é surpresa, portanto, que essas doenças já tenham sido há vários anos identificadas como importantes fatores de risco para problemas cardiovasculares.
Fonte: http://www.mdsaude.com/2014/10/proteina-c-reativa-exame-pcr.html

PCA3 – Novo Marcador de Câncer Prostático

PCA3 – Novo Marcador de Câncer Prostático


Um novo marcador de câncer prostático PCA3 começou a ser disponibilizado em laboratórios clínicos europeus. O teste é feito em amostras de URINA coletadas logo após o EXAME DE TOQUE RETAL, no próprio consultório médico. A amostra só pode ser coletada em frascos especiais, fornecidos pelo laboratório. Através de um convênio colaborativo com laboratórios europeus, passamos a disponibilizar o teste.
Clinical Chemistry 56:8 1212–1213 (2010)
Will Emerging Prostate Cancer Markers Redeem Themselves?
Kristina Hotakainen and Ulf-Håkan Stenman
 Durante as últimas décadas, a incidência de câncer de próstata vem aumentando dramaticamente, devido, principalmente, à utilização da dosagem de PSA como teste de rastreio diagnóstico em larga escala. A dosagem sérica de PSA é, indubitavelmente, um dos marcadores tumorais com melhor aplicação clínica, possibilitando a detecção precoce de casos clinicamente relevantes de Ca de próstata; entretanto, os benefícios clínicos como método de rastreio ainda são assunto de estudos e considerações. Nos Estados Unidos, um estudo mostrou que os benefícios clínicos da utilização do PSA como método de rastreio em pacientes entre 55 e 74 anos não puderam ser comprovados. Já o estudo europeu demonstrou uma redução de 20% na mortalidade em pacientes com 55 a 69 anos(1). Os resultados dos estudos ainda são conflitantes, principalmente porque o PSA, assim como a grande maioria dos marcadores tumorais, não é tumor específico. A concentração sérica de PSA também pode refletir o volume prostático, que pode se apresentar elevado em condições benignas como a hiperplasia e também em processos inflamatórios da próstata. Por este motivo, uma grande parte dos pacientes acaba sendo submetida a procedimentos invasivos que geram desconforto, como biópsias repetidas que poderiam ser desnecessárias. Outro problema causado pela utilização do PSA como teste de rastreio é o diagnóstico superestimado, ou seja, a detecção de cânceres clinicamente insignificantes, que não trariam maiores prejuízos à saúde do paciente durante o resto da sua vida. Estima-se que o índice deste tipo de diagnóstico esteja em torno de 50%. Muitos pacientes com este tipo de diagnóstico acabam recebendo tratamentos de pouco custo-benefício à sua saúde. Para reduzir o tratamento em pacientes que não se beneficiariam com ele, os clínicos têm adotado práticas de vigilância ativa destes pacientes. Pacientes considerados com bom prognóstico baseado no escore Gleason ≤ 6 por biópsia, densidade do PSA < 0,15 e não mais que dois núcleos de biópsia com câncer, são monitorados de acordo com esquemas estritos que compreendem a dosagem do PSA, exame clínico e repetição anual das biópsias. O tratamento ativo é oferecido se o tumor apresenta sinais de progressão. A vigilância ativa acaba sendo, entretanto, subutilizada por causa da falta de critérios bem definidos para a intervenção (isto é, não é possível a real diferenciação de tumores inócuos daqueles que necessitam de terapia curativa). Um novo e promissor marcador de câncer de próstata, chamado PCA3 (Antígeno de Câncer Prostático 3), foi recentemente introduzido e a sua utilização como preditor de curto prazo para a progressão da biópsia tem sido estudada em programas de vigilância ativa(2).
                O PCA3 é um fragmento de mRNA codificado pelo gene PCA3 [antígeno prostático 3 (codificação não protéica), também chamado de DD3] . O PCA3 é altamente específico da próstata e tem uma produção aumentada em 66 vezes em tecidos cancerosos da próstata, quando comparado com tecidos prostáticos normais. Os testes para a detecção se baseiam na detecção por PCR com transcrição reversa em equipamentos automatizados(3) , nos quais o mRNA do PSA e do PCA3 são amplificados a partir de células urinárias em amostras de urina coletadas imediatamente após o exame de toque retal. O valor do mRNA do PSA reflete a quantidade de células prostáticas, enquanto a relação mRNA PCA3/PSA reflete a proporção de células tumorais na amostra. Esta relação multiplicada por 1000 produz o escore PCA3. Apesar da forma da coleta da amostra não ser tão simples quanto outros testes,  o que é crucial para a obtenção de resultados confiáveis, tem sido demonstrado uma boa reprodutibilidade do teste.
                A probabilidade para câncer de próstata aumenta de acordo com o escore PCA3. Um escore de 35 corresponde a uma probabilidade de 30%-47% de obtenção de câncer em uma biópsia; entretanto, um cutoff ideal ainda é matéria de discussão. Utilizando um equipamento automatizado (Progensa(3)) e um escore PCA3 com cutoff de 35, casos de câncer prostático puderam ser detectados com uma sensibilidade diagnóstica de 47%-58% e com uma especificidade diagnóstica de > 70% para a detecção de câncer em biópsia. Alguns estudos mostram que o PCA3 apresenta maiores valores sobre a curva ROC (AUC) (0,66-0,76) do que o PSA (0,52-0,73). Além disso, o escore PCA3 tem sido reportado com correlação com o volume tumoral, mas não com o volume prostático ou a concentração sérica de PSA. O escore PCA3 tem sido também associado com a extensão extra-capsulardo tumor(4). Em outros estudos, entretanto, a correlação entre o PCA3 e os parâmetros clássicos de prognóstico não foram confirmados. O efeito de inibidores da α-redutase, tratamentos hormonais, e outras terapias na produção do PCA3 é ainda pouco conhecido; sabe-se, entretanto, que biópsias repetidas não afetam o resultado.
                A alta especificidade do PCA3 para câncer e o seu sugestivo potencial na avaliação da agressividade do tumor levou a uma grande expectativa para a utilização de PCA3, tanto para reduzir a necessidade de realização de biópsias e auxílio na orientação terapêutica, como, por exemplo, para a estratificação de pacientes para a decisão de vigilância ativa ou tratamento imediato. Estes aspectos foram recentemente avaliadas por Tosoian et al. (2) Eles estudaram 294 homens no programa de controle da Johns Hopkins University, que teve início em 2007, no qual foram comparados os escores PCA3 em homens com progressão da doença no seguimento da biópsia com os homens sem progressão. Eles não encontraram nenhuma diferença entre os dois grupos na pontuação PCA3 média (P = 0,13), e a análise da curva ROC revelou que o PCA3 não foi útil para os homens com a progressão na biópsia (AUC = 0,589; P = 0,076). No entanto, havia uma proporção significativamente menor de PSA livre (fPSA%) (P = 0,013) neste grupo, em comparação com aqueles sem progressão. O tempo relativamente curto de follow-up e os pacientes representando um grupo com prognóstico favorável, conforme evidenciado por uma concentração relativamente baixa de PSA total e uma %fPSA elevada no ato da entrada no estudo, juntamente com uma excelente adesão ao programa de vigilância, são limitações potenciais do estudo. Outro estudo relatou resultados mais promissores em relação à utilização do PCA3. Remzi et al.(5) encontraram escores mais elevados de PCA3 nos homens com biópsias positivas (escore de PCA3 com pontuação media de 50,4), que foram precedidos por > duas biópsias negativas, em comparação com os homens com subsequentes biópsias de vigilância negativas (PCA3 mediana 28,2; P = 0,001). Os pesquisadores também concluíram que o aumento do valor combinado com neoplasia intra-epitelial prostática de alto grau pode predizer o achado de câncer no seguimento da biópsia. Assim, os resultados referentes aos benefícios do uso do PCA3 são ainda conflitantes, e a utilidade do tratamento baseado na dosagem do PCA3 necessita de maiores estudos.
                Apesar da validade da utilização isolada do PCA3 como marcador de prognóstico ser controversa, permanece o valor da utilização de vários fatores multivariáveis. Tosoian et al. acharam que uma baixa %fPSA é significativamente associada com biópsias positivas(2), e outros estudos vêm demonstando que a %fPSA é capaz de predizer a agressividade do tumor e a reclassificação no escore de Gleason em biópsias após prostatectomia radical. Em um estudo anterior, um modelo baseado em uma análise multivariável de PCA3, PSA total e escore de Gleason na biópsia, demonstrou o aprimoramento da predição de extensão extra-capsular do tumor(4). Seria interessante ver se a inclusão da %fPSA iria aprimorar o valor prognóstico de vários modelos matemáticos.
EXAME: PCA3 Amostra: URINA COLETADA APÓS MASSAGEM PROSTÁTICA NO CONSULTÓRIO MÉDICO.
Conservação: Só pode ser coletada em frascos especiais, fornecidos pelo laboratório.
Utilidade: Distinção entre afecções malignas e benignas da próstata. Resultado: 20 dias úteis
Referências:
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2. Tosoian JJ, Loeb S, Kettermann A, Landis P, Elliot DJ, Epstein JI, et al. Accuracy of PCA3 measurement in predicting short-term biopsy progression in an active surveillance program. J Urol 2010;183:534–8.
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Fonte: http://www.richet.com.br/heliomagarinos/post/pca3-novo-marcador-de-cancer-prostatico/

Foto: https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=643&q=protata&oq=protata&gs_l=img.3...293.1480.0.1862.7.7.0.0.0.0.324.431.0j1j0j1.2.0....0...1ac.1.64.img..5.2.430...0.cEwilMtIF3w#imgrc=k2CU1FBP8OqmEM%3A