quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Por que a anestesia produz perda prolongada da memória?

Por que a anestesia produz perda prolongada da memória?

Investigadores demonstraram por que a anestesia pode causar perda da memória a longo prazo, um descobrimento que pode ter impactos importantes nos pacientes pós-operados.
Até agora, os cientistas não compreenderam por que cerca de um terço dos pacientes que se submetem a anestesia e intervenções cirúrgicas apresentam alguma classe de alteração cognitiva -- como a perda da memória -- depois do alta do hospital. Uma décima parte dos pacientes ainda apresentam alterações cognitivas três meses mais tarde.
Os anestésicos ativam receptores da perda da memória no cérebro e asseguram que os pacientes não lembrem sucessos traumáticos ocorridos durante a intervenção cirúrgica. A professora Beverley Orser e sua equipe descobriram que a atividade dos receptores para a perda da memória permanecia acentuada muito depois que os fármacos eram eliminados do sistema do paciente, às vezes durante dias inteiros.
Estudos em animais demonstraram que esta reação em cadeia tem efeitos a longo prazo sobre o desempenho de tarefas relacionadas com a memória.
«Os pacientes --e inclusive muitos médicos-- consideram que os anestésicos não têm consequências a longo prazo. Nossa pesquisa demonstra que nossa hipótese fundamental a respeito de como funcionam estes fármacos é incorreta» diz Orser, Professora do Departamento de Anestesia e Fisiologia, e anestesiologista no Centro de Ciências da Saúde de Sunnybrook.
No estudo -- dirigido pela candidata a doutorado Agnes Zurek -- a equipe aplicou a ratos machos uma dose baixa de anestésico durante só 20 minutos e observou que a atividade de receptor aumentava durante uma semana depois. Estes resultados indicam que o mesmo efeito pode ter impacto na aprendizagem e na memória de um paciente durante um período em que está recebendo informação decisiva a respeito de sua atenção.
«Ocorrem muitas coisas depois de uma intervenção cirúrgica, que podem alterar nossa capacidade para pensar com claridade. A perda do sono, novos ambientes e medicamentos podem ter impacto na função mental de um paciente. Do mesmo modo, os anestésicos complicam estes problemas», diz Orser.
É recomendado aos médicos e aos familiares vigiar muito bem os pacientes depois de uma operação para ver se mostram sinais de perda da memória. «Os pacientes deveriam escrever tudo ou contar com alguém mais que os apoie depois da operação. Para os grupos com alto risco, os médicos devem informar aos pacientes em torno destes possíveis efeitos secundários e ajudar a controlar o impacto sobre o restabelecimento e a saúde global», diz Orser.
A probabilidade de que um paciente experimente alteração cognitiva depende de sua idade, saúde, do tipo de intervenção cirúrgica e do anestésico, com possibilidades de que aumente para os procedimentos mais complexos. A frequência é máxima nos idosos ou naqueles que se submetem a operações maiores, como uma derivação cardiopulmonar.
«Os anestésicos não levam a dormir -- induzem um estado de coma farmacológico --. Não deveríamos menosprezar estes fármacos», adverte a professora Orser.
Orser e sua equipe estão analisando os fármacos que podem deter os receptores e restabelecer a perda da memória. Embora ainda estão nas primeiras etapas da pesquisa, dizem que alguns dos fármacos mostram resultados muito promissores em estudos em animais.
O estudo foi publicado no Journal of Clinical Investigation.
Referências:

Orser B. et al, Sustained increase in α5GABAA receptor function impairs memory after anesthesia. Journal of Clinical Investigation, 2014; DOI: 10.1172/JCI76669
Fonte: Science Daily
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